quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

RELATO DE PARTO 2 ANOS DEPOIS...



Hoje meu caçulinha faz 2 anos de vida! E para comemorar, segue o relato deste meu terceiro parto!


Eu tinha acabado de completar 37 semanas e tinha o último pré-natal naquele dia, 02/12/2013. Pela manhã bem cedo fui ao supermercado e de lá fui fazer a última ecografia. Meu bebê estava lá, lindão, forte e pronto para nascer a qualquer momento. Da clínica de ecografia fui direto ao meu trabalha (já estava de licença, mas fui buscar umas coisas e me despedir dos colegas). 


Saí do trabalho e fui almoçar no shopping, dali a duas horas eu teria consulta pré-natal. Bati um pratão de arroz,farofa, carne e salada (mal sabia eu que seria minha última refeição antes do parto). Fui ao consultório, que estava lotaado. Muita gente em pé, mas logo me cederam uma cadeira. Esperei por mais de uma hora. Neste momento eu já estava sentindo umas coisas estranhas, um desconforto mas nunca pensei que fosse o início do TP. Comentei isso com o médico, que fez um toque e disse: colo do útero amolecido mas nada de dilatação, VAI DEMORAR UNS DOIS DIAS AINDA. Saí do médico com a orientação de ir até a maternidade levar uns papéis do planos de saúde. Consegui sair da maternidade quase 6h da tarde, horário de rush e muito engarrafamento. Estava exausta, estava há mais de dez horas fora de casa mas resolvi ir a um mercado perto esperar o engarrafamento diminuir pra poder ir pra casa. Finalmente às 19h peguei o caminho de casa. Dirigi uma meia hora, ainda sentindo o tal desconforto. Só pensava em chegar em casa, tomar um banho, comer e me deitar. Meu marido já devia estar em casa cuidando dos outros dois filhos mais velhos. 

Estava pensando justamente nisso quando o tal desconforto se transformou em uma pressão absurda no baixo ventre e eu senti alguma coisa explodir dentro de mim. Levei uns três segundos pra conseguir entender e perceber que minha bolsa havia estourado. Logo senti uma água quente saindo. Comecei a repetir, em voz alta: “ah Meu Deus, a bolsa estourou, a bolsa estourou, a bolsa estourou” e comecei a chorar. Logo respirei fundo e tentei pensar no que fazer: tentar dirigir o restinho que faltava pra chegar em casa, ligar para o GO, tomar um banho, ligar para o meu pai nos buscar (meu marido não dirige), levar as crianças para a casa da minha mãe e ir para a maternidade.

Cheguei em casa, Thiago estava dando banho na Clara. Lembro-me que parei no corredor com as pernas abertas, a calça toda molhada e disse chorando: minha bolsa estourou. Thiago ficou me olhando atônito e disse: e agora? Vi que precisava me acalmar e tomar o controle da situação. Já fui dando ordens pra ele, coitado, rss. Falei: “tira a Clara do banho, arruma ela, pega um pano de chão e enxuga aqui pra ninguém escorregar (onde fiquei parada já tinha formado uma poça). Vou tomar um banho e ligar pro médico e pro meu pai nos levar para a maternidade”. Liguei para o médico, e falei: “oi doutor. Saí da consulta pré natal e quando estava chegando em casa a bolsa estourou”. Ele falou: também né Elen, você não para quieta, não sei o que queria dirigindo com 37 semanas!” eu comecei a rir porque há algumas horas atrás ele disse que meu parto demoraria. Daí ele completou: “estou de plantão em outra maternidade. Aqui não tem vaga, está lotado e eu não tenho como sair do plantão para ir na outra maternidade, a que você vai ganhar nenê. Vai pra lá e pede para ser avaliada pelo médico de plantão. Se ele avaliar que dá para esperar, às 7h estarei lá para fazer seu parto”.
 Meu pai chegou e fizemos isso. Fomos deixar as crianças na casa da minha mãe e fomos para a maternidade. Lembro que chovia muito. Meu pai ia dirigindo, o Thiago ia ao lado dele e eu ia no banco de trás, sentada em cima de uma toalha. Meu pai dirigia muito rápido (o hospital ficava a 30 km, e fizemos o percuso em 30/40 minutos aproximadamente) e pulou alguns quebra-molas, o que fazia com que eu sentisse mais dor. Como já estava com mais de duas horas de bolsa-rota, as contrações doloridas se intensificavam. No caminho, Thiago mediu o tempo das contrações, que vinham a cada 3 minutos certinho e duravam 40 segundos cada contração).

Chegamos ao hospital por volta de 22h, estava vazio. Fizemos a ficha e fomos para o consultório ser avaliada pela médica de plantão (Dra. Patrícia). Ela confirmou a bolsa rota e viu que o líquido estava limpinho mas disse que, pela evolução, com certeza nasceria antes das 7h da manhã, ou seja, não daria para esperar meu médico chegar (ela conversou isso com ele ao telefone). Ela disse também que pelo meu histórico (2 cesáreas prévias) não poderia tentar parto normal. Lembro que nessa hora perguntei: “Quantas horas, doutora? Será que ele nasce hoje ou só amanhã?” A médica disse: “ são 22h, do dia 2 de dezembro. Com certeza nasce hoje, daqui a pouquinho.” E lá fui eu para o pré-parto, esperar que o Centro Cirúrgico fosse preparado.

Neste momento as dores estavam insurportáveis. Eu gemia alto já. Estava naquele estágio que você não tem mais vergonha de ninguém, tá nem aí se tem alguém olhando ou se você está gemendo alto demais, se está pelada ou se está vestida. Eu só queria que Deus me ajudasse a suportar aquela dor. Vieram os enfermeiros e me colocaram o acesso com soro no braço e a sonda na uretra. Essa parte foi terrível, imagine você ter que ficar imóvel, com as pernas abertas (encostando o solado dos pés um no outro) morrendo de dores e contrações! É desumano, isso. Só queria descer para o CO e tomar a anestesia. Meu marido estava o tempo todo comigo e tentava me encorajar, mas eu nem o ouvia mais (é isso a partolândia?). Logo após o enfermeiro sair da sala do pré-parto dizendo que logo viriam me buscar, chegou outra mulher também em trabalho de parto, deitou-se na cama ao lado da minha, igualmente gemendo de dor e a médica veio avaliá-la: dez centímetros de dilatação e bebê sentado. Passaram ela na minha frente, correram com ela para o CO e eu tive que esperar mais 1h ali no pré-parto, morrendo de dores e contrações.
Neste momento eu já estava sem noção de tempo. Só sabia gemer de dor e gritar: “Deus, me ajuda, tira isso de mim (as dores).” No curto intervalo entre as contrações eu ainda conseguia pensar em como as mulheres conseguem suportar 12, 30 horas de trabalho de parto. Eu estava em TP há apenas 4 horas e estava no limite, não suportava mais. Sei que as condições em que eu me encontrava (deitada, sem poder me mexer, com soro no braço e sonda na bexiga), não ajudavam em nada eu encontrar uma posição melhor para aliviar as dores das contrações. Thiago me ajudava como podia com massagem na lombar, mas também tinha dificuldade em encontrar o local certo por causa da minha posição na cama.

Finalmente, passado um tempo, vieram me buscar. Desse momento em diante as coisas aconteceram muito rápido. Entrei no Centro Cirúrgico, passei da maca para a cama e fiquei sentada para o anestesista dar a anestesia. Lembro dele ter esperado a contração passar para eu ficar quieta e ele acertar o local. Ele agiu rápido e as dores sumiram na hora. Falei: pronto Doutor, agora eu posso esperar até amanhã se precisar. Todos riram.

Daí em diante foi tudo muito rápido. Thiago ao meu lado, em pé, filmando tudo. As médicas conversando baixinho e o anestesista tentando melhorar o desconforto que eu estava sentindo, uma espécie de torcicolo, que ele disse ser pelo peso da barriga. Não tive enjôo algum (minha última refeição havia sido o almoço, cerca de 11 horas antes). Pouco tempo depois de iniciado o procedimento, escutei o chorinho mais lindo do mundo e a médica dizendo: Bem-vindo, Lucas! Dos meus três filhos, foi o que chorou mais alto e mais forte ao nascer. Apgar 9/10. Disseram a hora: 00h10min (a médica errou, disse que ele nasceria ainda no dia 02, mas por dez minutos nasceu no dia 03/12). Como ele nasceu muito bem e a plenos pulmões, o pediatra o trouxe e encostou o rosto dele no meu. Pude, pela primeira vez sentir um filho meu assim que ele saiu da barriga (os outros dois, como nasceram sem chorar, só vi de longe, logo foram levados). Ficamos algum tempo juntos, encostadinhos, senti a pele dele molhada, quente, o cheirinho de vérnix. Fiquei conversando com ele, na hora ele parou de chorar, ficou me escutando, me sentindo. Sensação única, inexplicável, indescritível. Nasceu com 3.030kg e 47cm. 37 semanas.






Tive alta 33 horas depois, louca pra ver meus outros dois pequenos. E assim, iniciamos nossa nova vida em família.


Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...